quinta-feira, 22 de maio de 2014

APS...



Trabalho Teorias do texto



Nesse post apresentaremos teorias, explicações e planejamento em sala de aula de cada matéria relacionada à Teorias do texto.


1- Linguística Estrutural
2- Variação Linguística
3- Coesão e coerência
4- Superestrutural, macroestrutura e microestrutura
5- Pragmática
6-Semiótica 
7- Análise do livro "Estudos da Variação Linguística"
8- Análise do livro “Para entender o texto” e “Lições de texto: Leitura e redação” - Platão e Fiorin










1- Linguística Estruturalista



A linguística de Saussure baseava-se no estudo da estrutura da língua, e do uso coletivo, comum a todos os falantes, desprezando o individual, por considerar que a língua é homogênea e dinâmica, enquanto a fala é mutável. Assim, separou em langue e parole, a fim de estudar a língua, como sistema e dedicou-se apenas ao primeiro caso, a langue.

“O mérito de Saussure consiste em lançar as bases para a compreensão do conceito de estrutura, palavra-chave para o desenvolvimento do pensamento linguístico e das ciências sociais, a partir da década de 40. A ideia difundiu-se a ponto de constituir o fulcro da tendência conhecida por Estruturalismo”

A Linguística detém-se somente  na investigação científica da linguagem verbal humana. No entanto, é de se notar que todas as linguagens (verbais ou não verbais) compartilham uma característica importante, são sistemas de signos usados para a comunicação.

Saussure denominou Semiologia. A linguística é portanto, uma parte da ciência geral; que estuda a principal modalidade dos sistemas, as línguas naturais, que são a forma de comunicação mais altamente desenvolvida e de maior uso.

O linguista procura descobrir como a linguagem funciona por meio de estudo de línguas específicas, considerando a língua um objeto de estudo que deve ser examinado empiricamente, dentro dos seus próprios termos.

Distinguem-se, aqui, dois campos de estudos: a linguística geral e a descritiva. A linguística geral oferece os conceitos e modelos que fundamentarão a análise das línguas, a descritiva fornece os dados que confirmam ou refutam as teorias formuladas pela linguística geral.
Saussure, no inicio do séc. XX introduziu um novo ponto de vista no estudo das línguas, o ponto de vista sincrônica e diacrônica, ele reconheceu a importância e a complementaridade das duas abordagens:

SINCRÔNICA- Os fatos linguísticos são observados quanto ao seu funcionamento,  num determinado momento.
DIACRÔNICA- Os fatos  são analisados quanto às suas transformações, pelas relações que estabelecem com os fatos que precederam ou sucederam.
SIGNOS LINGUÍSTICOS- A definição de signo dado por Saussure é substancialista , pois ele trata do signo em si, como uma união de um significante e um significado.

Ao conceito Saussure chama de significado, e à imagem acústica significante. Não existe significante sem significado: nem significado sem significante, pois o significante sempre evoca um significado, enquanto o significado não existe fora dos sons que ele evoca.



Plano de Aula



Para alunos de 6º série do ensino fundamental seria introduzida a linguística estruturalista de forma histórica, para aguçar a curiosidade e o gosto pela leitura. Deixaria os alunos pensarem sobre a época do descobrimento do Brasil e como foi importante as missões jesuítas em termos da língua,  pois a junção da língua falada pelos índios e o português falado pelos jesuítas  originaram a primeira língua falada no Brasil, nasceu da necessidade deles se comunicarem. Só com a chegada do Marques de Pombal que trouxe o português falado em Portugal, e a literatura portuguesa como Camões, e os grandes escritores europeus da época.

Sendo assim, introduzir textos onde ainda está impregnada de conceitos estruturalistas para que com isso o aluno perceba  a mudança de nossa língua mãe até os dias de hoje.
Exemplo de uma fábula que pode ser trabalhada em sala de aula, pois é atemporal, já foi contata em sânscrito, passando por Esopo, La Fontaine, e já foi satirizada por Millôr Fernandes.



O LOBO E O CORDEIRO

Na água limpa de um regato,
matava a sede um Cordeiro,
Quando, saindo do mato,
Veio um Lobo carniceiro.
Tinha a barriga vazia,
Não comera o dia inteiro.
-Como tu ousas sujar
a agua que estou bebendo?
-rosnou o Lobo, a antegozar
O almoço.
-Fica sabendo
Que caro vais me pagar!
-Senhor-Falou o Cordeiro-
Encareço a Vossa Alteza
Que me desculpeis, mas acho
Que vos enganais: Bebendo,
quase dez braças abaixo
de vos, nesta correnteza,
Não posso sujar-vos a agua.
-Não importa. Guardo mágoa
De ti, que ano passado, me destrataste, fingido!
-Mas eu nem tinha nascido.
-Pois então foi teu irmão.
-Não tenho irmão, Excelência.
-Chega de argumentação.
Estou perdendo a paciência!
-Não vos zangueis, desculpai!
-Não foi teu irmão? Foi teu pai
ou senão foi teu avô-
disse o lobo carniceiro
e ao Cordeiro devorou.
                                                     (La Fontaine)


Moral da estória:
Onde a lei não existe ao que parece,
A razão do mais forte prevalece.









2- Estudos das Variações Linguísticas


Variação Linguística

Subdivisões das variações linguísticas


Existem 3 tipos de variação:
1. Variação histórica
2. Variação sócio cultural
3. Variação geográfica

Variação histórica faz referência à mudança da língua ao longo do tempo.

Sócio cultural: grupo que fala de modo diferente podendo ser até da mesma cidade, região.

Variação geográfica:  modo de falar de cada região ex: região norte fala diferente da região sul.
- Nordeste: “Você tem uma ruma de livros.”
- Sudeste: “Você tem um montche dje livros.”                
- Sul: “Tu tens muitos livros tchê.”







Sócio cultural fala do grupo, fala de modos diferentes.
Ex.: Um grupo com mais poder aquisitivo fala de modo diferente de quem tem menos poder aquisitivo.



Plano de aula



Após explicação dada em sala de aula, mostrando as variações linguística.
Propor um teatro aos alunos utilizando as variações de cada região, mostrando as diferentes falas e pontuando os alunos à perceber as diferenças entre cada região. Fazendo-os perceber as diferenças entre norma culta e as variações da língua.










3- Coerência e Coesão


 COESÃO

                ·    Coesão
Quando falamos de coesão, falamos a respeito dos mecanismos linguísticos que permitem uma sequência lógico- semântica entre as partes de um texto. A coesão trata basicamente das articulações gramaticais existentes entre as palavras, as orações e frases para garantir uma boa sequenciação de eventos.


COERÊNCIA

               ·         Coerência
           É acerca da significação do texto, e não mais dos elementos estruturais que o                            compõem.
Ex: Aquele garoto não gosta de futebol e portanto fica chamando seus amigos para jogar playstation 4
 A coerência, por sua vez, aborda a relação lógica entre ideias, situações ou acontecimentos, apoiando-se, por vezes, em mecanismos formais, de natureza gramatical ou lexical, e no conhecimento compartilhado entre os usuários da língua portuguesa.




Plano de aula



                   - Coesão
É a manifestação linguística da coerência. Provém da forma como as relações lógico-semânticas do texto são expressas na superfície textual. Assim, a coesão de um texto é verificada mediante a análise de seus mecanismos lexicais e gramaticais de construção.
 Ex: "Os corvos ficaram à espreita. As aves aguardaram o momento de se lançarem sobre os animais mortos." (hiperônimo ) "Gosto muito de doce.
Cocada, então, eu adoro." (hipônimo) "–Aonde você foi ontem? –f f À casa de Paulo. – f f Sozinha? – Não, f f com amigos." (elipse)
 Os elementos de coesão também proporcionam ao texto a progressão do fluxo informacional,
para levar adiante o discurso. Ex: "Primeiro vi a moto, depois o ônibus." (tempo) Embora tenha estudado muito, não passou. (contraste)

            - Coerência

É o aspecto que assumem os conceitos e relações subtextuais, em um nível ideativo. A coerência é responsável pelo sentido do texto, envolvendo fatores lógico-semânticos e cognitivos, já que a interpretabilidade do texto depende do conhecimento partilhado entre os interlocutores.
Um texto é coerente quando compatível como conhecimento de mundo
do receptor. Observar a coerência é interessante, porque permite perceber que um texto não existe em si mesmo, mas sim constrói-se na relação emissor-receptor-mundo.
Para que um texto tenha o seu sentido completo, ou seja, transmita a ensagem pretendida, é necessário que esteja coerente e coeso. Para compreender um pouco melhor os conceitos de Coerência textual e de Coesão textual, e também para distingui-los, vejamos: O que é coesão textual? Quando falamos de COESÃO textual, falamos a respeito dos mecanismos linguísticos que permitem uma sequência lógico-semântica entre as partes de um texto, sejam elas palavras, frases, parágrafos, etc. Entre os elementos que garantem a coesão de um texto, temos:

- as referências e as reiterações: Este tipo de coesão acontece quando um termo faz referência a outro dentro do texto, quando reitera algo que já foi dito antes ou quando uma palavra é substituída por outra que possui com ela alguma relação semântica.
Alguns destes termos só podem ser compreendidos mediante estas relações com outros termos do texto, como é o caso da anáfora e da catáfora.

- as substituições lexicais (elementos que fazem a coesão lexical): este tipo de coesão acontece quando um termo é substituído por outro dentro do texto, estabelecendo com ele uma relação de sinonímia, antonímia, hiponímia ou hiperonímia, ou mesmo quando há a repetição da mesma unidade lexical (mesma palavra).

-  os conectores (elementos que fazem a coesão interfrásica): Estes elementos coesivos estabelecem as relações de dependência e ligação entre os termos, ou seja, são conjunções, preposições e advérbios conectivos.

- a correlação dos verbos (coesão temporal e aspectual): consiste na correta utilização dos tempos verbais, ordenando assim os acontecimentos de uma forma lógica e linear, que irá permitir a compreensão da sequência dos mesmos. São os elementos coesivos de um texto que permitem as articulações e ligações entre suas diferentes partes, bem como a sequenciação das ideias.

O que é coerência textual? Quando falamos em COERÊNCIA textual, falamos acerca da significação do texto, e não mais dos elementos estruturais que o compõem. Um texto pode estar perfeitamente coeso, porém incoerente. É o caso do exemplo abaixo:

"As ruas estão molhadas porque não choveu"

Há elementos coesivos no texto acima, como a conjunção, a sequência lógica dos verbos, enfim, do ponto de vista da COESÃO, o texto não tem nenhum problema. Contudo, ao ler o que diz o texto, percebemos facilmente que há uma incoerência, pois se as ruas estão molhadas, é porque alguém molhou, ou a chuva, ou algum outro evento. Não ter chovido não é o motivo de as ruas estarem molhadas. O texto está incoerente.







4- Todo texto é composta por uma macroestrutura e uma microestrutura.
Macroestrutura



 A macroestrutural refere-se às relações de coerência textual. É responsáveis por construir o  texto total e seu significado, através dos processos de produção e compreensão textual, ou seja, a manutenção da mesma referência temática em toda extensão.

            O conceito de coerência refere-se ao nexo entre as ideias, acontecimentos, circunstâncias. Logo é pela coerência que as idéias são conectadas, harmonizadas, propiciando a compreensão do texto. Existem vários tipos e níveis de coerência, como : coerência argumentativa, coerência narrativa, coerência figurativa, etc.

            Alguns ponto importantes para que haja coerência em um texto:

a)    Harmonia de sentido de modo a não ter nada ilógico, nada desconexo;

b)    relação entre as partes do texto, criando uma unidade de sentido;

c)    as partes devem estar inter-relacionadas;

d)    expor uma informação nova e expandir o texto;

e)    não apresentar contradições entre as ideias;

f)     apresentar um ponto de vista, uma nova visão do mundo.

Exemplo de um texto incoerente:
“Eu gosto tanto de frango, mas tenho medo de gripe aviária.
- Ah, mas só dá na Ásia, responderam
- Justo na parte que eu mais gosto?”

            Exemplo de um texto com coerência(Macroestrutura):
      “A dieta ideal para qualquer pessoa, inclusive para adolescentes, deve ser marcado pela maior ingestão de carboidratos, elementos que produzem energia para o corpo. ”




Microestrutura



A microestrutural refere-se às relações de coesão textual. É integrada pelo conjunto de frases que estão conectadas umas as outras pelos recursos linguísticos, constituindo sentido ao texto. A coesão refere-se à estrutura formal do texto e é constituída por mecanismos gramaticais (pronomes, artigos, concordância, conjunções, etc) definindo as relações entre as frases dentro de um texto.
            Para que um texto seja coeso:
a)    retomada de termos, expressões ou frases já ditas;

b)    Encadeamento de segmentos de texto, feito com conectores ou operador discursivos, tais como  então, portanto, mas, já, que, porque, etc.

Exemplo:

A coesão pode ligar uma palavra/frase dentro de um texto da seguinte forma:




Superestrutural



Refere-se às estruturas textuais globais que permitem o reconhecimento dos gêneros ou tipos, como também envolve o conhecimento sobre estratégias esquemáticas cognitivas relacionadas à significação global da base textual. São estratégias facilitadoras na produção/recepção de textos que acionam na memória o conhecimento armazenado, através de modelos globais como, esquemas, frames, scripts e planos.

Definição de esquemas, frames, scripts e planos:

- Esquemas: conjunto convencional de elementos armazenados na memória e organizados sequencialmente que acionamos cognitivamente em uma situação de uso.
            Ex.: Na frase “Um dia de trabalho” retoma as seguintes palavras: acordar, levantar, tomar café, vestir-se, sair de casa, dirigir o carro, chegar no trabalho, trabalhar até meio dia, almoçar,...

- Frames: Conjunto convencional de elementos armazenados na memória sem uma organização sequencial que acionamos cognitivamente em uma situação de uso.
            Ex.: Na frase “Festa de aniversário” retoma as seguintes palavras: balões, brigadeiro, crianças, presentes,...

- Script: São planos mais estabilizados,  com rotina bem estabelecida e que geralmente especificam papéis e ações dos interlocutores.
Ex.: Carta de amor, infância, novela, etc.

- Planos: Comportamentos manifestados pelas pessoas no sentido de alcançarem um certo propósito.
Ex.: Um adolescente que organiza um plano para conseguir convencer os pais de deixar viajar sozinho.



Plano de aula



            Depois de passar a teoria e tirar dúvida dos alunos, vou sugerir quatro atividades:

11-    Pesquisar exemplos de esquemas, frames, script e planos e trazer em sala de aula;

22-    Pesquisar um texto que tenha coesão e um texto que tenha coerência e identifica-los;

33-    Os alunos iram trocar com os seus colegas de sala as suas pesquisas para ter mais percepção sobre o assunto;

44-    Organizaremos na sala uma “varal” na parede para poder pendurar as pesquisas.










     5- Pragmática



Analisa o lado concreto da linguagem, ou seja, vendo-se como os usuários de uma língua a usam em sua prática linguística por um lado e por outro o estudo das condições que governam essa prática. Estuda-se primeiramente o uso da linguagem e não somente a língua,  a ciência do uso linguístico.

Estuda-se então a sociedade e sua comunicação, como a linguagem funciona nas trocas de linguagem entre seus usuários. Pode-se afirmar que esse estudo é ainda relativo aos problemas relativos ao uso da linguagem.

As diferentes perspectivas da pragmática oscilam entre uma concepção restrita e uma concepção alargada dos seus limites. Para a concepção restrita, a pragmática apenas se ocupa de assuntos que se situam fora do âmbito das outras disciplinas, dos aspectos que se prendem nomeadamente com a referencialidade e a indexicalidade, questões que têm a ver com a relação das unidades linguísticas com o mundo e com a situação enunciativa. Para a concepção alargada, pelo contrário, a pragmática abarca o conjunto dos fenómenos de emergência da significação, considerando que as unidades da linguagem não possuem significação autónoma da situação enunciativa ou, como alguns autores preferem dizer, independente do processo de discursivização.







A capacidade de compreender a intenção do locutor é chamada de competência pragmática. A pragmática está além da construção da frase, estudado na sintaxe, ou do seu significado, estudado pela semântica. A pragmática estuda essencialmente os objetivos da comunicação.




Plano de aula



1) Apresentar a Pragmática por meio de textos simplificados e reduzidos.

2) Propor ao alunos leituras relativas a Pragmatica em sala de aula, referente ao cotidiano de cada um deles.

3) Fazer uma relação entre os textos que trouxe e os que pedir para ler. E mostrar na realidade que Pragmática não foge tanto da realidade, quanto parece.



Pragmática fora da sala de aula



Temos que mostrar ao aluno que o que ele aprende na escola, não fica somente na escola. Por isso usaremos um texto que acontece normalmente e mostrar com a Pragmática se aplica nele:
Um indivíduo vai até o caixa eletrônico para fazer um saque. Há mais pessoas no ambiente, um guarda na porta e sistema interno de câmeras. Enquanto espera o dinheiro, o indivíduo é abordado por um assaltante, que coloca a mão em seu ombro e sussurra:
-Não dê um pio ou faça movimentos bruscos, senão te mato aqui mesmo. Finja que é meu amigo.

A vítima, assustada, pois jamais esperava um assalto nessas circunstâncias, age conforme o pedido. No entanto, ao passar pela porta em direção à saída, dá uma “piscadela” para o guarda, que imediatamente dá voz de prisão para o assaltante.

Bem, se a história é verdadeira eu não sei. Mas constitui um exemplo do que é fazer uso de uma linguagem na dimensão pragmática. O indivíduo, ao piscar intencionalmente para o guarda, fez a escolha de um recurso não-lingüístico disponível pelos integrantes de sua comunidade para a comunicação. Obviamente, em nossa cultura, o ato de piscar intencionalmente está ligado a uma manifestação de interesse, de concordância ou de aceitação (um sinal). No contexto do caixa eletrônica, essas condições não são aplicáveis aos dois personagens, o que transforma o piscar em algo inusitado para as circunstâncias; é a expressão de "algo mais", ou seja, um alerta de que algo não vai bem, que o guarda captou. É a pragmática do "bem", pois ajudou a prender o assaltante.

Após  essa ilustração de como a Pragmática pode sair da sala de aula, temos então os exercicíos.



Atividades


1) Propor tópicos, pedir que os alunos em grupos escolham um e discutam: "Qual o significado pragmático deste conceito, hoje?" Isto é, como ele afeta a conduta humana? Sugestões de tópicos: Ecologia, Drogas, Família, Política, Economia, Violência, Celebridades, Religiosidade, Arte e Ciência.

Exemplo: Qual o significado pragmático de Ecologia?

Observação: fazer antes uma definição prévia, com base me dicionários e enciclopédias, dos conceitos a serem trabalhados.

2) Os alunos podem usar jornais ou notícias de sites ou outro material de apoio para fazer a leitura pragmática










6- Semiótica


  
                                 Ótica pela metade?
                                                                     ou
                                                Simiótica — estudo dos símios?



A Semiótica é a ciência geral de todas as linguagens.
Mais abrangente que a Lingüística, a qual se restringe ao estudo dos signos lingüísticos, ou seja, se dedica aos estudos da língua, fala e linguagem (sistema sígnico da linguagem verbal), a Semiótica tem por objeto qualquer sistema sígnico como: Artes Visuais, Música, Fotografia, Cinema, Culinária, Vestuário, Gestos, Religião, Ciência, etc
Antes de tudo, cumpre alertar para uma distinção necessária: o século XX viu nascer e está testemunhando o crescimento de duas ciências da linguagem. A Lingüística, ciência da linguagem verbal. E a Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem.
              


                                                        
É tal a distração que a aparente dominância da língua provoca em nós que, na maior parte das vezes, não chegamos a tomar consciência de que o nosso estar-no-mundo, como indivíduos sociais que somos, é mediado por uma rede intrincada e plural de linguagem, isto é, que nos comunicamos também através da leitura e/ou produção de formas, volumes, massas, interações de forças, movimentos; que somos também leitores e/ou produtores de dimensões e direções de linhas, traços, cores... Enfim, também nos comunicamos e nos orientamos através de imagens, gráficos, sinais, setas, números, luzes...Através de objetos, sons musicais, gestos, expressões, cheiro e tato, através do olhar, do sentir e do apalpar. Somos uma espécie animal tão complexa quanto são complexas e plurais as linguagens que nos constituem como seres simbólicos, isto é, seres de linguagem.



SEMIÓTICA DISCURSIVA


A Semiótica discursiva se ocupa em descrever o sentido, que é apresentado por meio de um percurso gerativo e suporta três níveis: fundamental, narrativo e discursivo; esses níveis são capazes de explicar o sentido dos mais variados textos que circulam em sociedade, sejam eles verbais ou visuais.

Além disso a Semiótica Discursiva se dedica às abordagens semânticas, de sentidos, que transpassam as barreiras das frases e atingem o texto, como uma poesia, uma narração, uma propaganda, um filme, uma letra de música, entre várias outras formas textuais que existem numa comunidade lingüística.



·         TIPOS
- Semiótica norte-americana: Peirce (+lógica)
- Semiótica russa: Lotman (+signo)
- Semiótica francesa: Greimas (significação como processo)

·         ORIGEM “multidisciplinar”
- Lingüística estrutural (Saussure, Hjelmslev, Tesniere, Benveniste)
- Etnoliteratura (Propp)
- Antropologia (Mauss, Levi-Strauss)
- Mitologia comparada (Dumezil)
- Fenomenologia (Merleau-Ponty)

·         MÉTODO DA SEMIOTICA: percurso gerativo do sentido
- Do mais simples e abstrato ao mais complexo e concreto.
- Das estruturas profundas às estruturas de superfície.

PERCURSO GERATIVO DOS SENTIDOS

Nível Fundamental
é o nível mais abstrato e simples. Os sentidos são entendidos pelas categorias de oposição semântica. Os termos são determinados por ‘relações sensoriais’ e considerados atraentes ou repulsivos, tensos ou relaxados, negados ou afirmados através das categorias ou determinações Tensivo-Fóricas.

Nível Narrativo
é o nível em que se introduz o sujeito. Nele ocorrem transformações narrativas operadas pelo sujeito. As categorias semânticas fundamentais tornam-se valores dos sujeitos e são ‘inseridas’ nos objetos com que o sujeito se relaciona. As determinações tensivo-fóricas convertem-se em modalizações que modificam as ações e os modos de existência do sujeito e suas relações com os valores.

Nível Discursivo
é o nível em que a narrativa é colocada no tempo, no espaço junto de seus sujeitos, objetos, destinadores e destinatários. Os personagens do texto tornam-se atores do discurso, graças a investimentos semânticos e de pessoa, os valores dos objetos vão ser disseminados como temas e transformados sensorialmente. Essas transformações produzem efeitos de sentido e fabricam a ilusão da verdade.




Considerações sobre a noção de texto


Sem dúvida alguma, a palavra texto é familiar a qualquer pessoa ligada à prática escolar. Ela aparece com alta freqüência no linguajar cotidiano tanto no interior da escola quanto fora de seus limites. Não são estranhas a ninguém expressões como as que seguem: "redija um texto", "texto bem elaborado", "o texto constitucional não está suficientemente claro", "os atores da peça são bons mas o texto é ruim", "o redator produziu um bom texto", etc. Por causa exatamente dessa alta freqüência de uso, todo estudante tem algumas noções sobre o que significa texto.



O texto não é um aglomerado de frases


Para entender qualquer passagem de um texto, é necessário confrontá-la com as demais partes que o compõem sob pena de dar-lhe um significado oposto ao que ela de fato tem. Em outros termos, é necessário considerar que, para fazer uma boa leitura, deve-se sempre levar em conta o contexto em que está inserida a passagem a ser lida. Entende-se por contexto uma unidade lingüística maior onde se encaixa uma unidade lingüística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no contexto do capítulo, o capítulo encaixa-se no contexto da obra toda. Uma observação importante a fazer é que nem sempre o contexto vem explicitado lingüisticamente. O texto mais amplo dentro do qual se encaixa uma passagem menor pode vir implícito: os elementos da situação em que se produz o texto podem dispensar maiores esclarecimentos e dar como pressuposto o contexto em que ele se situa. Para exemplificar o que acaba de ser dito, observe-se um minúsculo texto como este: A nossa cozinheira está sem paladar. Podem-se imaginar dois significados completamente diferentes para esse texto dependendo da situação concreta em que é produzido. Dito durante o jantar, após ter-se experimentado a primeira colher de sopa, esse texto pode significar que a sopa está sem sal; dito para o médico no consultório, pode significar que a empregada pode estar acometida de alguma doença. Para finalizar esta primeira consideração, convém enfatizar que toda leitura, para não ser equivocada, deve necessariamente levar em conta o contexto que envolve a passagem que está sendo lida, lembrando que esse contexto pode vir manifestado explicitamente por palavras ou pode estar implícito na situação concreta em que é produzido. Segunda consideração: todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla. Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu. De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Até mesmo uma simples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem sempre alguma intenção por trás.










Análise dos livros


7-Estudos das Variações Linguísticas
A transcrição de conversação


            Já que a AC procede com base em material empírico reproduzido conversações reais e considera detalhes não apenas verbais, mas entonacionais, paralinguísticos e outros, algumas informações adicionais, quando houver, devem aparecer na transcrição, uma vez constatada na sua relevância. Trata-se de uma questão complexa definir com clareza o que e quanto assinalar na superfície de uma conversação.
            Não existe a melhor transcrição. Todas são mais ou menos boas. O essencial é que o analista saiba quais os seus objetivos e não deixe de assinalar, o que lhe convém. De modo geral, a transcrição deve ser limpa e legível, sem sobrecarga de símbolos complicados.
            Suponhamos que alguém queira analisar a correlação entre o movimento do olhar , a mudança de tópico e o problema das trocas de turnos(cf Goodwin, 1981). Neste caso deve ter símbolos muito claros para a marcação da posição do olho e do corpo, e só uma gravação em vídeo será favorável a esta transcrição.
            O sistema sugerido é eminentemente ortográfico, seguindo a escrita padrão, mas considerando a produção real. E aqui surgem os primeiros problemas a serem resolvidos pelo pesquisador e sua intuição de ouvido. Como grifar palavras pronunciadas de modo diferente do padrão? Alguns consensos: né, pra, prum, comé, tava, etc., ou eliminação de morfemas finais: qué, só, vô, etc., ou truncamentos: compr(= comprou), vam di(= vamos dizer) etc.
            Para o formato de conversação, é usual uma sequenciação, com linhas não muito longas, para melhor visualização, com linhas não muito longas, para melhor visualização do conjunto. Importante indicar os falantes com siglas( iniciais do nome ou letra do alfabeto) não convém cortar as palavras na passagem de uma linha para a outra. É bom evitar as maiúsculas em inicio de turno.
            Os sinais mais frequentes e úteis para a transformação são os abaixo relacionados:

1- Falas simultâneas: [[
               Quando os dois falantes iniciam ao mesmo tempo um turno, usam se colchetes duplos no início do turno simultâneo:
...
B: Mas eu não tive nem remorso né’
A: Mas o que foi  que houve”
J:[[Meu irmão também fez uma dessas’
B: Depois ele voltou e tudo bem,


2- Sobreposição de vozes: [
            Quando a concomitância de falas não se dá desde o início do turno mas a partir de um certo ponto, marca-se, no local, com um colchete simples abrindo :
...
E: O equilíbrio ecológico pode a QUALQUER MOMENTO: (+) acabar com a
civilização   [natural  
                        mas não pode ser/o
mundo tá preocupado com isso E./ (+)
o mundo tá evitando /.../


3. Sobreposição localizadas: [    ]
              Quando a sobreposição ocorre num dado ponto do turno e não forma turno, usa-se um colchete abrindo e outro fechando:
...
M: A. é o seguinte eu queria era::
                        [  ]
A:                     im
M: eh: dizer que ficou pronta  a cópia
                                                                    ]                                         
                                                          Ah sim


4. Pausas: (+) ou (2,5)
               Pausas e silêncios são indicados entre parênteses: em pausas pequenas
Sugere-se usar sinal + para cada 0.5 segundo; para pausas além de mais de 1.5 segundo,
Cronometradas, indica-se o tempo. Ex.: (1.8), 2.5) etc.
...CCf. os exemplos a seguir.J


5. Dúvida e suposições:  (                      )
                 É comum não se entender uma parte da fala. Neste caso marca-se o localcom parênteses, tendo-se duas opções:
(a) indica-los com a expressão “incompreensível” ou então
(b) escrever neles o que se supõe ter ouvido:

A: /...Q por exemplo (+) a gente tava falando em desajuste (+) EU particularmente acho tudo na vida relativo, (+) (1.8) TUDO TUDO TUDO (++) tem um que sã :: o (+)/ tem pessoas problemáticas por que tiveram muito amor (é o caso do ) (incompreensível) (+) outras porque /.../


6. Truncamentos bruscos: /
                Quando um falante corta uma unidade, pode-se marcar o fato com uma barra. Isto também pode ocorrer quando alguém é bruscamente cortado pelo parceiro:
...
L: vai tê que investi né”
C:                                     é/ (+) agora tem uma possibilidade boa que é quando ela sentiu que ia morá-lá  (+) e: le o dono / ((rápido)) ela teve conversan comi/ agora ele já disse o seguinte (+)


7. Ênfase ou acento forte: MAIUSCULA
                   Quando uma sílaba ou palavra é pronunciada com ênfase ou recebe acento mais forte que o habitual, indica-se o fato escrevendo a realização com maiúsculas
(veja os exemplos de 2. e 5. acima.)


8. Alongamento de vogal:  ::
                   Quando ocorre um alongamento da vogal, coloca-se uma marca (dois-pontos) para indicá-lo. Os dois pontos podem ser repetidos, a depender da duração:
...
A: co::  mo” (+) e ::: ee”


9. Comentários do analista: ((       ))
                   Para comentar algo que ocorre, usam-se parênteses duplos no local da ocorrência ou imediatamente antes do segmento a que se refere.
Pode-se coloca-los também entre um  turno e outro.
Ex.: ((ri)), ((baixa o tom de voz)), ((tossindo)), ((fala nervosamente)), ((apresenta-se para falar)),  ((gesticula pedindo a palavra)).


10. Silabação: ------
                    Quando uma palavra é pronunciada silabadamente, usam-se hífens indicando a ocorrência.


11. Sinais de entonação”  ’,
Usam-se:
Aspas duplas – para uma subida rápida (corresponde mais ou menos ao ponto de interrogação); aspas simples – para uma subida leve (algo assim como uma vírgula ou ponto – e – virgula);
Aspas simples abaixo da linha – para descida leve ou brusca.
Cf. exemplos dados anteriormente.


12. Repetições: reduplicação de letra ou sílaba para repetições, reduplica-se a parte repetida.
Ex.: eee ele; c aca cada um.


13. Para preenchida, hesitação ou sinais de atenção.
Basicamente usam-se reproduções de sons cuja grafia é muito discutida, mas alguns estão mais ou menos claros, como: eh, ah, oh, ih ::, mhm, aha, e vários outros.


14. Indicação de transcrição parcial ou de eliminação:   ... ou /.../
O uso de reticências no início e no final de uma transcrição indica que se está transcrevendo apenas um trecho.
Reticências entre duas barras indicam um corte na produção de alguém.
    
                     







8- “Para entender o texto” e “Lições de texto: Leitura e redação” - Platão e Fiorin


Nível discursivo

Para entender o texto é necessário entender as concepções existentes na época e na sociedade em que o texto foi produzido, para não correr o risco de compreendê-lo de maneira distorcida.

O texto é um todo organizado de sentido.

a) Uma leitura não pode basear-se em fragmentos isolados do texto;

b) Uma leitura deve levar em conta o que está no texto e deve-se levar em consideração a relação de marcas textuais, que um texto estabelece com outros.

Vozes marcada e demarcadas no texto:

- Mecanismos linguísticos, que servem para mostrar diferentes vozes no interior de um texto;
- Negação: nele estão implicadas duas vozes, uma que afirma e outra que refuta a afirmação anterior.
Ex.:
“Não tive filhos, não transmitir a nenhuma criatura o legado da nossa miséria[...]”- Memórias póstumas de Brás Cubas


Discurso direto


Tudo se passa como se o leitor estivesse ouvindo literalmente a fala, em contato direto com os personagens.

- Marcas típicas do discurso direto:

a) O verbo que anuncia a fala do personagem e alguns verbos, costumam ser denominados verbos de dizer;

b) Há dois pontos e travessão;

c) Os pronomes, os verbos e as palavras que dependem de situações usadas literalmente.


Discurso Indireto


Não reproduz literalmente as palavras do personagem mas usa as próprias palavras do narrador para comunicar o que o personagem diz.
a) Vem introduzido por um verbo de dizer;

b) Separa-se a fala do narrador por sinais de pontuação, normalmente a conjugação que ouve-se;

c) O verbo ocorre em 3º pessoa, o tempo verbal está em correlação com o tempo que se situa o narrador.


Confronto do discurso direto com indireto


Discurso direto:D. Paula disse: - Daqui a duas horas tudo estará acabado.” -  (Machado de Assis)
Discurso indireto:D. Paula disse que dali a duas horas tudo estaria acabado” - (Machado de Assis)
Discurso direto livre: Em um discurso elaborado pelo personagem e não pelo narrador. Ex.: “O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.” – Vidas Secas (Graciliano Ramos)


Nível Fundamental


Constrói-se sobre uma oposição entre aquilo que se quer mas não é o bastante e aquilo que se deseja e é suficiente.

-Parcialidade x Totalidade: Um dos polos desta oposição semântica aparece sempre investido de uma apreciação positiva, enquanto outro é valorizado negativamente.

- Um denominador comum para os elementos que se acham em posição no texto, é o que se chama nível fundamental, organização fundamental, oposição de bases.


Nível narrativo


            Narrativa é uma mudança de estado operada pela ação de uma personagem. Mesmo que essa personagem não apareça no texto, está logicamente implícita. Em um texto há várias transformações, havendo quatro mudanças de situação:

1) Do querer ou dever, um desejo ou necessidade de fazer algo
Ex.: Me deu uma vontade enorme de comer chocolate.

2) Usando o exemplo acima onde se adquire a competência necessária de fazer algo, pegar o dinheiro para compra-lo, passar do estado de não poder comer, para poder come-lo.

3) A mudança principal é a realização daquilo que se quer, passamos da situação de não ter o prazer gustativo proporcionado doce, para a situação por de tê-lo.

4) A transformação pode-se atribuir prêmios ou castigos.

            Toda narrativa tem essas quatro mudanças, mesmo que elas não sejam explicitamente mencionadas, pois elas se pressupõem logicamente. Com efeito, quando se contata a realização de uma mudança principal é porque ela se verificou e ela se efetua porque quem a realiza sabe e pode, quer ou deve faze-la.


Encadeamento de figuras e temas


            Assim como as figuras se encadeiam de modo coerente, os temas também os fazem. A mesma coerência interna do encadeamento das figuras devem existir na rede de temas, de um texto temático.

            As figuras não podem ser jogadas de qualquer maneira em um texto, mas sim organizadas em grupos. Encadeadas umas às outras. São os recursos figurativos que manifestamos temas e subjacente aos textos




Para caracterizar as diferenças entre as paisagens rural e urbana, Tarsila do Amaral construiu percursos figurativos distintos. Criando a obra Mamoeiros de 1925.