A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, como por imigrantes de diferentes países. Além disso, as migrações colocam em contato grupos diferenciados. Sabe-se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante diversas e a convivência entre grupos diferenciados nos planos social e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação. O grande desafio da escola é investir na superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza representada pela diversidade etnocultural
que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de diálogo, de aprender a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural.
Segue breves apresentações das pluralidades culturais que iremos trabalhar no blog: Imigração Japonesa, Imigração Italiana, Migração nordestina, imigração Portuguesa.
Imigração Japonesa
A imigração japonesa no Brasil começou em 18 de junho de 1908, vindo do Japão 733 pessoas com 165 famílias de agricultores e mais 48 pessoas que vieram sem os seus familiares, num total de 781 pessoas a bordo do vapor "KASATO-MARU", que aportou às 09:30 horas no cais nº 14, atualmente armazém 16, no Porto de Santos. Acomodaram-se por alguns dias na Hospedaria dos Imigrantes, atual Museu do Imigrante, na Capital, antes de seguir viagem para as fazendas de café no interior do Estado de São Paulo e outros estados.
De acordo com o censo de 1988,a população japonesa no Brasil é de 1.228.000 pessoas, sendo que no Estado de São Paulo é de 887.000 pessoas, e somente na cidade de São Paulo, aproximadamente 326.000 pessoas e cerca de 170.000 na região da Grande São Paulo
A imigração continuou até a eclosão da II Guerra Mundial em 1941, quando somava um número de 188.986 imigrantes. Após o término da II Guerra Mundial foi retomado o processo de imigração, em 1952, estendendo-se por 10 anos, período em que vieram cerca de 50 mil imigrantes agricultores. E, o auge do pós guerra foi em 1959, vindo 7.041 imigrantes.
Imigração Italiana
O Brasil, em final do século XIX, recebeu levas de imigrantes de todos os cantos do planeta, mas nenhum influenciou tanto a cidade de São Paulo quanto os italianos.
Eles vieram para a lavoura do café a partir de 1877 e faziam a rota contrária: do interior para a capital de São Paulo. Tanto foi assim que já no começo do século XX constituíam praticamente a metade da população da cidade. E, assim, da mistura da língua italiana com o português criaram aquilo que se chamou de “língua brasileira”.
As influências estão presentes em toda parte, na culinária, na passionalidade, no vestir, na educação, nas expressões, na música, na ciência e nas artes.
Migração nordestina
A utilização da
literatura de cordel em sala de aula provoca o surgimento de práticas
pedagógicas que irão propiciar através do lúdico uma aprendizagem significativa
do educador, pois se trata de uma temática que aborda diversas áreas do
conhecimento humano.
O universo cordelino transpôs fronteiras e
sobreviveu por entre séculos na história da humanidade. Da Europa ao nordeste
brasileiro, o cordel como componente da cultura popular, tornou-se relevante
instrumento educativo na escola e na sociedade.
Como advento da
imigração nordestina para São Paulo, também migrou na sua forma intercultural a
literatura de cordel. Neste sentido, podemos dizer que este gênero literário
está presente na vida dos povos. No ambiente, escolar, por exemplo, as línguas
entrelaçadas promovem de forma ética, o respeito às diferenças sócio –
linguísticas no diversificado currículo escolar da região Sudeste.
Utilizando-se da
literatura de cordel na escola pública e
resgatando seus valores sociolinguísticos no sentido de construir uma interação
às peculiaridades regionais dos povos, o educador tem em mãos, importante
recurso didático metodológico, capaz de combater significativamente o fracasso
escolar de alunos que por algum motivo
demonstraram possuir uma visível falta de domínio da língua portuguesa.
Acrescente-se ainda a este fracasso escolar, resultante da situação de
diglossia pelas diferenças sociolinguísticas.
Imigração Portuguesa
A influência portuguesa
Colonizadores do território brasileiro por 322 anos, de todos os povos que chegaram no País os portugueses foram os que mais exerceram influência na formação da cultura brasileira. Durante todo período de colonização cidadãos portugueses foram transportados para as terras sul-americanas, influenciando não só a sociedade que viria a se formar, como também as culturas dos povos que já existiam. O evento que mais trouxe implicações políticas, econômicas e culturais para o Brasil foi a mudança da corte de D. João VI para o Brasil, em 1808. A partir daí a imigração portuguesa foi constante e perdurou até meados do século XX.
A mais evidente herança portuguesa para a cultura brasileira é a língua portuguesa, atualmente falada por todos os habitantes do País. Difundida principalmente pelos padres jesuítas, o português era no início da colonização considerado língua geral na colônia, ao lado do tupi. Com a proibição do tupi em virtude da chegada de muitos imigrantes da metrópole, o português fixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Das línguas indígenas, ele herdou as palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha), bem como nomes próprios e geográficos.
Outro importante legado português foi a religião católica, crença de grande parte da população brasileira. O catolicismo, profundamente arraigado em Portugal, deixou no Brasil as tradições do calendário religioso, suas festas e procissões, tornando-se a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de 1891, que instituiu o Estado laico. Atualmente, o Brasil é considerado o maior país do mundo em número de católicos nominais. De acordo com o IBGE 73,8% da população brasileira declara-se católica.
Além da língua e da religião, vários folguedos populares como o bumba-meu-boi, o fandango e a farra do boi denotam grande influência portuguesa. No folclore brasileiro, são de origem portuguesa os seres fantásticos como a cuca, o bicho-papão e o lobisomem, e muitas das lendas e jogos infantis como as cantigas de roda. Duas das festas mais importantes do Brasil, o carnaval e a festa junina, também chegaram no Brasil por influência dos portugueses.
A culinária brasileira também recebeu algumas interferências dos colonizadores. Muitos dos pratos típicos do País, por exemplo, são o resultado da adaptação de pratos portugueses às condições da colônia. Um deles é a feijoada brasileira, que foi um resultado da adaptação dos cozidos portugueses. A cachaça, que foi criada nos engenhos como substituto para a bagaceira portuguesa, e alguns pratos portugueses como as bacalhoadas também se incorporaram aos hábitos brasileiros.
Nas artes, a cultura dos portugueses foi responsável pela introdução dos grandes movimentos artísticos europeus como o renascimento, maneirismo, barroco, rococó e neoclassicismo. Com isso a literatura, pintura, escultura, música, arquitetura e artes em geral no Brasil colônia eram muito baseadas na arte portuguesa. Essa referência pode ser vista nos escritos do Padre Antônio Vieira,na decoração de talha dourada e nas pinturas de muitas igrejas coloniais. As intervenções portuguesas seguiram após a Independência, tanto na arte popular como na arte erudita. E muito do que o Brasil é hoje, tem forte apelo à cultura dos colonos misturada com as culturas dos demais povos que habitaram o País.
Em destaque: A Primeira Missa Católica realizada no Brasil.
Imigração Hispano-americana
Desde 1970, o Brasil passou a receber fluxos imigratórios de perfil diferente dos tradicionais fluxos do começo do século XX, embora em menor volume. Milhares de imigrantes provenientes da América Latina – principalmente de países como Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru, Uruguai – passaram a compor o movimento de imigração internacional para o Brasil(PAIVA, 2007). Os fluxos imigratórios latino-americanos se destinaram, principalmente, para duas áreas: as regiões de fronteiras e as regiões metropolitanas (PATARRA, 2002), em especial São Paulo e Rio de Janeiro.
A busca de oportunidades no mercado de trabalho é,
portanto, a razão pela qual a maioria dos hispano-americanos deixa seus
países de origem, marcados pelo desemprego, pela pobreza, por crises
política, pela violência e apostam tudo num novo projeto de vida, seja ele
pessoal ou familiar. Assim, no contexto latino-americano o Brasil aparece como
um lugar de oportunidades não só para os que buscam trabalho, mas também
para jovens que vêm em busca de uma especialização em alguma universidade
brasileira. Um exemplo disso é a quantidade de hispano-americanos, em sua
maioria peruanos, que procuram na Universidade de São Paulo cursos de graduação
ou de pós- graduação, particularmente, nas áreas de exatas e biomédicas. A
grande procura se deve não só pelo fato de que há um diferencial qualitativo
entre as universidades de onde estes estudantes são oriundos e as brasileiras,
mas também pelo fato de que no Brasil os cursos em universidades públicas
são gratuitos e ainda há a possibilidade de se conseguir uma bolsa de
estudos. E quando isto não acontece, eles são obrigados a fazer algum tipo de
trabalho temporário, como dar aulas de espanhol, fazer traduções etc.
Dinâmica Cultural
No contexto hispânico, a influência das culturas
indígenas é maior, até porque, numericamente os indígenas são mais
significativos do que os brancos, mestiços e negros. Apesar de toda
discriminação sofrida pelos indígenas na América hispânica e da
destruição de parte significativa de suas culturas, eles continuam sendo os
heróis civilizadores e fundadores das culturas andinas e paraguaias. Isto foi
mencionado por Ruth, uma artista plástica peruana, de 50 anos de idade e há
quatro no Brasil. Segundo ela, “o índio peruano foi violentado, eliminado. É
uma raça guerreira e eu estou tentando espalhar as minhas raízes, porque o
orgulho que temos pelos nossos ancestrais é uma coisa que aparece quando se
vai para Cuzco. As raízes africanas estão um pouco longe de mim, mas eu gosto
muito das danças negras do Peru. A base da raça peruana é o índio, então,
é tão amplo que a gente nunca termina de criar os aspectos desta cultura. O
negro tanto no Peru como no Brasil veio da África e faz parte dos imigrantes.
O índio é autêntico. Eu é que sou a mistura dos três”.
Já no contexto brasileiro, o processo foi inverso, com a
destruição de culturas indígenas e a eliminação física de populações
inteiras, eles se tornaram minoria em relação aos brancos, mestiços e
negros. Nessa perspectiva, poderíamos dizer que se no Brasil traços das
culturas indígenas foram incorporadas pelos negros e mestiços, no contexto
hispânico, o processo foi o inverso, ou seja, elementos das culturas africanas
foram incorporados pelos indígenas e mestiços. Sendo assim, danças como a
morenada, os caporales, originárias do contexto da escravidão nas minas da
Bolívia, podem dialogar perfeitamente com o maracatu do Nordeste brasileiro ou
com as congadas mineiras, pois elas apresentam raízes comuns, isto é, as
matrizes africanas e indígenas. Um exemplo destas semelhanças são os guizos
ou massacaias que os dançarinos dos caporales bolivianos e das congadas
brasileiras levam presos nas suas pernas. Assim, a cada movimento do
dançarino, produz-se um barulho estridente, uma alusão à figura ameaçadora
e punitiva do feitor para com os escravos.